COMO VOCÊ INTERPRETA
– XIV
No capítulo 26 – Novas Perspectivas –, de “Nosso Lar”, André
relata o seu encontro com o Ministro Genésio, ao qual, em estudos anteriores,
tivemos oportunidade de nos referir. Vocês estão lembrados, daquele “velhinho simpático, cujo semblante
revelava, entretanto, singular energia”?! Cremos que sim, não é?! Foi
quando, na oportunidade, fizemos menção à idade com que o espírito se apresenta
depois da morte do corpo físico – à sua fisionomia, altura, cor de pele, etc.
O capítulo 26 da referida obra marca a determinação do grande
cientista Dr. Carlos Chagas, que adotou o pseudônimo de André Luiz, em homenagem
ao irmão de Chico Xavier.
Contemos, rapidamente, o caso.
O Dr. Carlos Chagas, conduzido por Emmanuel, foi levada até à
cidade de Pedro Leopoldo, em Minas Gerais, para ser apresentado ao Médium Chico
Xavier, através do qual, se possível, ele passaria a escrever.
Amigos de Chico contam que, ao ser apresentado ao Médium,
que, à época, estava com um pouco mais de 30 de idade, o Dr. Carlos Chagas, não
contendo a sua emoção, postou-se de joelhos diante dele – o fato foi relatado
pelo próprio Chico, que, em relação à própria mediunidade, sempre foi muito
reservado. Se quiserem conferir, consultem o livro “Nossos Momentos com Chico
Xavier”, de autoria de Osvaldo Godoy Bueno, um dos diretores-fundadores do
IDEAL, em São Paulo – SP.
A reação do Dr. Carlos Chagas, diante da grandeza espiritual
de Chico, que ele, certamente, enxergou, fora espontânea, e, assim, o Médium
não tivera tempo para evitar a sua ação – porquanto, Chico jamais aceitaria que
alguém se lhe prostrasse aos pés.
A apresentação do Dr. Carlos Chagas a Chico deu-se no início
da década de 40, mais propriamente em 1943, porém os rumores de um processo que
seria movido, em 1944, pela viúva do escritor Humberto de Campos já frequentava
as páginas dos jornais e circulavam de boca em boca. Desde 1937, Humberto de
Campos, espírito, vinha escrevendo pela lavra mediúnica do Médium de Pedro
Leopoldo.
Então, com o intuito de salvaguardar a Causa Espírita, e,
evidentemente, o Médium, de mais um possível processo judicial, Emmanuel
explicou a Chico que o Dr. Carlos Chagas adotaria um pseudônimo – inclusive com
o qual não pudesse ser facilmente identificado, nem mesmo através de seus relatos
mediúnicos. Realmente, lendo-se cruamente as páginas iniciais de “Nosso Lar”,
não se pode concluir que André Luiz seja o Dr. Carlos Chagas, já que ele,
orientado pela Equipe Espiritual que tutelou o trabalho mediúnico de Chico
Xavier, recomendou que, neste sentido, poucas pistas fossem deixadas. Por este
motivo, o próprio Emmanuel, no prefácio da obra, datado de 3 de Outubro de 1943
(significativa a data, não?!), escreveu:
“Embalde os
companheiros encarnados procurariam o médico André Luiz nos catálogos da
convenção.
“Por vezes, o anonimato
é filho do legítimo entendimento e do verdadeiro amor. (...)
“André Luiz precisou,
igualmente, cerrar a cortina sobre si mesmo.
“É por isso que não
podemos apresentar o médico terrestre e autor humano, mas sim o novo amigo e
irmão na eternidade.”
Bem, para não nos estendermos neste arrazoado, Chico
perguntou ao Dr. Carlos Chagas com que nome ele pretenderia assinar o que,
porventura, viesse a escrever por seu intermédio. Vendo que um dos irmãos de
Chico, do segundo casamento de seu pai, ressonava numa cama próxima, o ilustre
cientista perguntou-lhe: - Qual é o nome de seu irmão?... O Médium
respondeu-lhe de pronto: - André Luiz!... – Então – disse-lhe o Dr. Chagas –,
será esse o nome que adotarei, porque eu também sou seu irmão!...
Simples assim.
Agora, evidentemente, as controvérsias, tão a gosto dos
espíritas, existem. Mas este é outro assunto com o qual, sinceramente, não
pretendemos perder tempo.
E os comentários que havíamos planejado para o capítulo 26 de
“Nosso Lar”, ficarão para a próxima semana. Claro, se até lá o médium não
desencarnar por aí, e eu, por minha vez, não desencarnar por aqui.
INÁCIO FERREIRA
Uberaba – MG, 26 de junho de 2017.